No coração de Salvador, o projeto Samba pra Rua emerge como um farol cultural, resgatando e revigorando as tradicionais rodas de samba que há muito foram relegadas ao esquecimento. Idealizado pela professora e compositora Ana Flauzina, o evento itinerante não apenas traz de volta os ritmos vibrantes do samba-duro, samba de roda, samba-afro, e outros, mas também incorpora a autenticidade da cultura baiana em cada nota.
O diferencial do Samba pra Rua não reside apenas na música, mas na fusão harmoniosa com a culinária local. Uma feijoada com DNA baiano, preparada por Marina, cozinheira inspirada pelo bloco Ilê Aiyê, torna-se parte integral da experiência. O evento não só celebra o samba como a “língua franca da população negra do Brasil”, como destaca Ana Flauzina, mas também assume um papel social crucial ao ocupar espaços abandonados da cidade, proporcionando visibilidade a essas áreas e, de certa forma, trazendo alívio à juventude negra frequentemente refém da violência urbana.
Num contexto em que as rodas de samba muitas vezes se tornam elitizadas, o Samba pra Rua destaca-se por seu DNA 100% baiano, pela inclusão de músicos da nova geração e pela valorização das mulheres negras de Salvador. Ana Flauzina enfatiza o compromisso do projeto em resgatar e fomentar as cenas locais do samba na cidade, desafiando a tendência de elitização que algumas dessas manifestações culturais vêm enfrentando.
O grupo Samba pra Rua, anfitrião dessa celebração cultural, transcende barreiras ao apresentar um repertório que abraça desde o samba carioca ao samba do Recôncavo baiano, passando pelo samba duro e pelos batuques dos blocos afros. Além de canções de renomados sambistas como Zeca Pagodinho, Dona Ione Lara, Péricles, Olodum, Leci Brandão e Xandy de Pilares, o grupo também revela sua autenticidade através de composições próprias, marcando um renascimento genuíno da cultura das rodas de samba em Salvador.